Os auriculares Bluetooth Sony LinkBuds Open (WF-L910) apresentam-se como a 2.ª geração de um dos mais peculiares fones da marca japonesa. São literalmente abertos, no mais pleno senso da palavra, permitindo que o som ambiente chegue diretamente aos teus ouvidos.
O preço? Chegaram ao mercado por 200 €, mas à data de publicação desta análise estão mais próximos dos 150 €, valor que considero quase perfeito para o que entregam. São peculiares, e acabaram por me prender não só a atenção, como se tornaram na minha escolha de eleição.

O Bom e o Mau
+ Encaixe no ouvido
+ Conforto de utilização
+ Leveza dos auriculares
+ Áudio LE (low energy) – Boa autonomia
+ Controlos por “toque em área larga”
+ App de companhia Sound Connect
– Sem carregamento wireless da caixa
– Volume adaptativo (automático) precisa de mais trabalho
– Design aberto traz alguns compromissos no áudio
Para quem são os Sony LinkBuds Open
Certamente não para todo e qualquer utilizador. Afinal de contas, estamos em plena era do cancelamento ativo do ruído e estes auriculares Bluetooth nem sequer são bons no cancelamento passivo do ruído. Aliás, são péssimos! E isso torna-nos extremamente apetecíveis para o consumidor certo, para quem quer estar sempre ciente do que se passa em seu redor.
Permitam-me adensar…
Os Sony LinkBuds Open têm o formato de um donut ao apresentarem literalmente um buraco no meio de cada auscultador. Por isso, não entregam qualquer cancelamento passivo do ruído e foram criados especificamente para isso. Em vez de abafarem o ruído exterior, estes Sony fazem o oposto, convidando a sinfonia da vida a entrar diretamente nos nossos ouvidos, sem mais.

Isto pode ser ideal para quem quer ouvir o que se passa à sua volta e, ainda assim, ouvir a sua música com bastante qualidade. Consigo imaginar estes Sony LinkBuds Open a serem perfeitos para usar em ambiente de escritório, durante a nossa rotina de trabalho, ao permitirem a fusão entre o áudio por nós selecionado, bem como a interpelação do nosso colega, por exemplo.
Auriculares ideais para a comuta diária
Pode também ser ideal para quem está a treinar na rua e quer estar ciente do ambiente ao seu redor, ou para entrar e sair de transporte público sem arriscar perder um aviso. Têm o seu lugar no mercado, ainda que efetivamente sejam apontados para um público-alvo específico.
Pessoalmente, tornaram-se os companheiros de eleição ao subir a avenida em direção ao meu escritório, conjugando o poder da música por mim escolhida e a acolhendo a sinfonia citadina com o seu burburinho incessante. Nunca o trânsito me surpreendeu, pois estava perfeitamente a par do que se passava ao meu redor.
Em suma, (quase) o melhor dos dois mundos. Perfeitos para “injetarem” uma banda sonora na vossa vida, sem se alhearem da mesma.
Design dos Sony LinkBuds Open

Em primeiro lugar temos que olhar, com atenção, para estes auriculares que se assemelham a dois pequenos donuts graças ao seu centro ausente. Com efeito, é este o seu grande destaque, o permitir que o som ambiente chegue tal e qual ao nosso ouvido.
Em cada auricular encontramos um revestimento amovível em silicone, que também permite mudar o esquema de cor. Este elemento reveste a porção exterior dos auriculares onde temos o centro de processamento, a bateria e a maioria dos componentes eletrónicos.
Por outro lado, a porção que emite som, o altifalante propriamente dito (com o driver) fica pousado no nosso ouvido. Isto é, não entra no pavilhão auditivo como na maioria dos auriculares in ear, sendo estes Sony LinkBuds Open mais comparáveis a pequenos altifalantes Bluetooth.
Por fim, há apenas um tamanho para os auriculares, mas isto não será um problema dado que a aba em silicone que ajusta o encaixe é altamente maleável, mas ainda assim, firme o suficiente.
Construção dos auriculares Sony

Atentando na qualidade de construção, os Sony LinkBuds Open aparentam ser bem construídos. A maioria do seu exterior está revestida por uma capa de borracha, que parece ter sido projetada intencionalmente para proteger os auriculares quando, inevitavelmente, caem das orelhas.
Além disso, os auriculares não entram nas orelhas, mas essencialmente ficam à entrada do pavilhão auditivo, pelo que também se mantêm geralmente mais limpos do que os modelos intra-auriculares, um aspeto positivo a apontar.
No entanto, a sua caixa não parece particularmente robusta, especialmente a tampa, bastante leve (em demasia) e, portanto, não comporta aquela sensação de robustez e qualidade de materiais. Temos, porém, um bonito efeito marmoreado na superfície exterior da caixa.
Por último, os auriculares têm o equivalente à certificação IPX4 para resistência a salpicos e suor, mas dada a sua natureza aberta, não os molhem ou submerjam.
Controlos Táteis no rosto, não nos Sony LinkBuds Open

Os Sony LinkBuds Open não têm botões físicos, externos nas superfícies táteis. Em vez disso, temos que tocar na área imediatamente à frente das orelhas. Com efeito, para os controlar não tocamos nos auriculares, mas sim no nosso rosto, na área imediatamente à frente deles.
Isto significa que os gestos de controlo estão simplificados nos LinkBuds Open, uma vez que só se podemos tocar e não tocar e manter (o press and hold) como na maioria dos outros auriculares. Em todo o caso, podemos personalizar estes controlos através da app Sound Connect.
Além disso, não existe o gesto de toque único disponível para o Play/Pause. Aliás, o mínimo são dois toques, o que limita ainda mais a gama de gestos que se pode atribuir, sem menosprezar a curva de aprendizagem necessária para nos habituarmos a tocar no rosto para os controlar.
Em todo o caso, assim que nos habituamos a dar dois, ou três, toques na cara – na zona próxima do ouvido – a experiência torna-se agradável. Não é, note-se, um sistema infalível, significando isto que alguns toques não serão registados à primeira e foi comum ter que repetir os comandos.
Conforto de utilização dos auriculares Bluetooth

Provavelmente os auriculares Bluetooth mais confortáveis que já usei, por duas razões de ordem em particular. Em primeiro lugar, por não serem intra-auriculares, por apenas repousarem no exterior do pavilhão auditivo, portanto, sem causar pressão no ouvido do utilizador.
Em segundo lugar, por possuírem uma pequena alheta de silicone, uma aba de borracha flexível que ajuda a segurar o auricular no ouvido do utilizador. Não é um encaixe firme, mas mostra-se seguro o suficiente para caminharmos sem preocupações, já para correr, não digo o mesmo.
Sem esquecer a pura leveza de cada auricular. Ao pesar aproximadamente 5 gramas em cada auricular pouco sentimos em termos de peso no ouvido. A isto somando o seu formato circular e temos um encaixe suave, bem adaptável a cada formato de ouvido e extremamente confortável.
Por outro lado, não senti que o encaixe fosse forte o suficiente para aguentar um passo de corrida, ou algum choque substancial, a menos que os empurrasse para o interior do ouvido.
Por fim, podem encontrar mais informações sobre o produto na página oficial da marca, além de os encontrarmos à venda em plataformas como a Amazon.ES.
Sound Connect, a app de companhia da Sony




Chegamos à parte mais divertida (pelo menos para entusiastas tech), uma vez que a aplicação Sound Connect nos dá uma rica panóplia de controlos, atualização, guias e personalização.
É altamente recomendável que instalem a app para Android ou iOS para tirar total partido das capacidades dos Sony LinkBuds Open, apesar do setup ou configuração inciial algo demorada.
Em todo o caso, a app ajustar-se-á automaticamente ao modelo de auricular emparelhado e mostrará apenas as funcionalidades que estão disponíveis para este modelo. Neste caso, os Sony LinkBuds Open, apesar de serem auriculares premium, suportam menos funções do que outros modelos do mesmo segmento (nada de ANC, por exemplo), sendo a app mais sucinta.
Efeito “Música de Fundo”, ideal para os Sony LinkBuds Open




O cerne da aplicação continuam a ser as definições de áudio, por exemplo com as predefinições de EQ, além do EQ manual. Temos ainda a opção de Encontrar o Nosso Equalizador, que permite escolher o som preferido ao reproduzir diferentes predefinições de EQ e escolher a favorita.
Há também uma peculiar função de Efeito de Música de Fundo, que simula o efeito do som a tocar em diferentes salas. Aliás, a predefinição é Café, onde parece que está a ouvir música a tocar a partir de altifalantes de um café, todavia, também há opções para mudar para outros ambientes.
Particularmente agradável é o “assistente virtual” que nos recebe em português de Portugal, dando-nos um “Bom dia” ou “Boa tarde”, além de breves informações de agenda. Além disso, quando recebemos uma SMS, ou mensagem via WhatsApp é nos lida a notificação.
A promessa do Áudio Espacial em Android


Os LinkBuds Open também suportam o Áudio Espacial para Android com rastreamento de cabeça, que funciona com determinados dispositivos. Há ainda a funcionalidade 360 Reality Audio da Sony, que é ainda mais um fogo de vista que algo útil, uma vez que está disponível apenas em uma mão cheia de serviços e não é compatível com o Dolby Atmos empregue pelo Apple Music.
Há ainda uma nova funcionalidade Auto Play, que permite configurar coisas como a sua aplicação de música e músicas favoritas com antecedência. Ora, logo em seguida os auriculares começam automaticamente a tocar quando os colocamos, sem necessidade de interagir com o telefone.
Numa nota pessoal, este foi um dos trunfos que mais gostei – o Spotify Tap -, bastando-me colocar os auriculares para retomar a reprodução de música no Spotify, por exemplo.
Software, codecs e companhia dos Sony LinkBuds Open

Há ainda outras funcionalidades como a ampliação DSEE da Sony, que só funciona realmente com conteúdo de baixa taxa de bits para melhorar a sua qualidade de transmissão. Ademais, temos o emparelhamento com múltiplos dispositivos que funciona bem.
Isto sem esquecer o controlo de volume adaptativo, que ajusta automaticamente o volume com base no ruído ambiente mas que carece de aperfeiçoamento e na prática acabei por não gostar.
Cumpre ainda mencionar os Gestos de Cabeça para aceitar ou rejeitar chamadas abanando a cabeça para cima/baixo ou para os lados, e o desligamento automático para poupar energia.
Os LinkBuds Open suportam os codecs SBC, AAC e LC3. O LC3 está disponível apenas no modo Bluetooth LE. Para isso, é necessário ativá-lo na aplicação e depois desvincular e emparelhar novamente os auriculares com o telefone.
Partindo do pressuposto que o nosso smartphone suporta Bluetooth LE Audio (ainda poucos o fazem), aconselho a selecionar este padrão LC3. Todavia, para repor o codec selecionado temos de repetir tudo para voltar a SBC/AAC, o que pode ser fastidioso.
Note-se, porém, que várias funcionalidades, incluindo o emparelhamento com múltiplos dispositivos, estão desativadas ao usar Bluetooth LE, como se compreende, para poupar energia.
Finalmente, também podemos atualizar o firmware através da aplicação. O processo de atualização da Sony é lento, mas também raramente o teremos que fazer. À data de redação deste artigo a unidade de teste estava na última versão de firmware 1.2.0.
Qualidade de Áudio dos Sony LinkBuds Open

A qualidade de áudio dos Sony LinkBuds Open foi um misto de emoções, ainda que não seja uma surpresa dado o seu formato. Isto porque o design destes auriculares apresenta alguns desafios e é claro que nem todos puderam ser superados, sobretudo os graves neste formato open-ear.
Em primeiro lugar, e notoriamente o maior defeito, não há graves poderosos dignos de nota. Aliás, temos dada a sua própria natureza enquanto auriculares open-ear não há um controlo exato de pressão do volume de ar intra-auricular, portanto, a resposta dos graves deixa bastante a desejar.
Em segundo lugar, os Sony LinkBuds Open com o seu driver em forma de anel também traz os seus próprios desafios e, apesar de fazer milagres com aquilo que tem, certo é que o driver é uma pequena tira circular com poucos milímetros de espessura .
Por outras palavras, a física dirá que não há superfície suficiente para mover ar com força suficiente, por isso, o registo de graves é débil, ainda que existente.
Médios e Agudos com Qualidade

Os médios foram reforçados para compensar as debilidades dos graves. Porém, isto confere uma qualidade ligeiramente abafada que se faz notar, por exemplo, nas vozes masculinas mais graves.
Todavia, os demais médios são bastante agradáveis. Aliás, os médios são provavelmente o ponto mais forte nesta assinatura de áudio, já que estão bem trabalhados pela Sony. De igual modo, temos um timbre natural que faz com que as vozes e instrumentos soem autênticos.
Por fim, quanto aos agudos, os LinkBuds Open não brilham, apesar de agradáveis. Esperava, contudo, que as frequências de agudos tivessem muito brilho ou clareza. Ainda assim, conseguimos ter um áudio geral com qualidade mais que suficiente para nos cativar.
Autonomia de Bateria

A Sony aponta 8 horas de autonomia para estes auriculares e, durante o teste, fui ao encontro destes valores entre recargas. Em todo o caso, importa frisar que não temos aqui sorvedouros de energia como o ANC, nem o Modo de Transparência dadas as caraterísticas do produto.
Isto posto, são bons os dados de autonomia, apesar de não me surpreender uma vez que há menos “truques” a exigir energia. Além disso, não temos aqui carregamento sem-fios da caixa, apesar de o carregamento por USB-C ser relativamente rápido e não causar entraves ao uso.
Podemos também usar, com bons resultados, os Sony LinkBuds Open para atender e efetuar chamadas, com desempenho normal de voz na captação pelos seus microfones. São bastante versáteis, também neste ponto, sem nada a apontar.
Conclusão

Os Sony LinkBuds Open foram um estranho caso de amor à primeira utilização – não à primeira audição. Isto é, cativaram-me pelo formato, pela audácia e pelas capacidades para um cenário de utilização algo específico. Não surpreendem pela qualidade de áudio, como acima elucidei.
Têm uma boa autonomia de bateria, ótimo conforto de utilização, mas podiam ter um grip, um encaixe mais firme. Sem esquecer os graves fracos, mas fiquei deveras agradado com a possibilidade de acrescentar uma banda sonora à vida, sem perder a noção do que me rodeia.
Por fim, para o perfil ideal de utilizador, estes auriculares podem atingir uns 4,5 pontos em 5 possíveis. Porém, para o comum dos utilizadores, será um total de 3 em 5 pontos possíveis.
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